02 julho, 2012

Euro 2012: A vitória da Espanha e estatísticas da competição


O torneio máximo de selecções da UEFA (EURO 2012) apresentou um saldo positivo, dentro e fora dos relvados. Apenas dois jogos terminaram a zeros num torneio que teve a média de 2,45 golos por jogo, bem próxima da marca de 2,48 registada nas duas últimas edições. Os adeptos vibraram com o que viram. Ao todo, 1,44 milhões de pessoas passaram pelos estádios da Ucrânia e da Polónia, novo recorde da competição da UEFA – com média 46 mil espectadores por jogo, a maior desde 1988, na Alemanha.


A primeira selecção da história a conquistar em sequência dois torneios do velho continente e um Mundial, a Espanha também foi a primeira a fazer a dobradinha do Europeu de futebol – e, com três títulos, repete o feito da Alemanha como maior vencedora da prova da UEFA. Vicente Del Bosque compartilhou as glórias como o pioneiro a sagrou-se campeão do mundo e da europa treinando uma selecção e um clube – vencendo a Liga dos Campeões e o Mundial de clubes em 2002 com o Real Madrid.

De certa forma, o futebol de posse de bola da Fúria também alterou os estilos das outras selecções. Foram 910 trocas de passes por jogo, 109 a mais do que em qualquer outro Euro desde 1980, quando a estatística passou a ser acompanhada. E os golos marcados de cabeça também notabilizaram a competição: foram 22, representando 29% do total.

O Tiki-taka coloca a Espanha como a melhor selecção entre as principais estatísticas relacionadas com posse de bola e respectivos passes. A equipa de Vicente Del Bosque permaneceu 65,2% do total do tempo com a bola nos pés e, desta parcela, 32% no meio-campo adversário. A Espanha ainda contabilizou uma média de 664 passes curtos por jogo – uma marca bastante superior aos 588 registados no Campeonato do Mundo de 2010, na Àfrica do Sul.


No ataque, a falta de objectividade tão proclamada teve razão de existir: os espanhóis tocaram 39,7 vezes a bola a cada finalização. Por outro lado, os espanhóis prezaram bastante pela precisão no remate. Do total, 61% das conclusões foram feitas dentro da área e 41% seguiram na direcção da baliza adversária. E, por permanecer mais tempo no campo do oponente, foi a selecção que mais sofreu faltas (103 no total) e que mais driblou (total de 56). De uma maneira geral, a zona defensiva da selecção espanhola também fez um excelente trabalho, sendo a equipa que menos permitiu que os adversários finalizassem. Foram quatro bolas roubadas a cada arremate dos rivais.


Numa competição na qual os cabeçeadores foram tão letais, a Espanha também mostrou o seu valor pelas "alturas". Os espanhóis foram a segunda equipa com mais bolas aéreas ganhas em cruzamento ou lançamentos efectuados, perdendo apenas neste capítulo para a Suécia.

Golos marcados

– Espanha – 12
– Alemanha – 10
– Portugal – 6
– Itália – 6

Posse de bola

– Espanha – 65,2%
– Rússia – 59,3%
– Alemanha – 58,6%

Mais posse de bola no campo do adversário

– Alemanha – 34%
– Espanha – 32%
– França – 29%
– Portugal – 29%


Os golos de Cristiano Ronaldo no Euro 2012 demoraram a sair, mas acabaram por chegar em boa altura. Ao contrário das acusações comuns, o avançado do Real Madrid não se escondeu do jogo e chamou a responsabilidade para si, especialmente nas três últimas partidas. A selecção de Portugal acabou por ser eliminada nas meias-finais com o recorde de finalizações (37) e também o maior número de bolas na trave (4). E Cristiano Ronaldo deverá continuar a escrever a sua história, estando agora a apenas três golos de igualar Michel Platini como o maior marcador de sempre em campeonatos da Europa.

Ainda assim, a Bola de Ouro não ficou nas mãos de Cristiano Ronaldo, mas sim nas de Fernando Torres. O avançado espanhol teve uma excelente média de golos enquanto esteve em campo. Os três golos do jogador do Chelsea foram marcados em 189 minutos que permaneceu em campo, atingindo os 27% em 11 finalizações.

Na questão da precisão, porém, ninguém supera Salpingidis. Entre os jogadores com menos de três remates à baliza na competição, o avançado grego teve o melhor aproveitamento, metendo a bola nas redes em 66% dos seus remates. Logo atrás, aparece o croata Mario Mandzukic: que marcou três golos em apenas cinco remates.

Já entre os que passaram em branco pelos campos da Ucrânia e Polónia, Andrés Iniesta merece uma ressalva. O jogador mais incisivo da selecção espanhola rematou 20 vezes e acertou 11 delas na baliza adversária – novo recorde na história dos Europeus. Se a bola não entrou, a culpa também pode ser creditada aos guarda-redes. Iniesta, designado melhor jogador do UEFA EURO 2012 ainda aparece no topo da lista entre os maiores dribladores.

Melhores marcadores do EURO 2012

– Fernando Torres – 3 golos
– Mario Gómez – 3 golos
– Mario Madzukic – 3 golos
– Alan Dzagoev – 3 golos
– Cristiano Ronaldo – 3 golos
– Mario Balotelli – 3 golos


No capítulo técnico, os artistas do Barcelona e Juventus, Xavi e Andrea Pirlo deram uma aula de como tratar a bola ao longo da Europeu. Os maestros de Espanha e Itália aparecem entre os 20 melhores da campetição em todos os segmentos de passe. Não é à toa, que conduziram as suas selecções até à final da prova e acabaram escolhidos para a selceção ideal do Euro 2012.

O camisola 8 da Espanha não foi regular, mas teve duas exibições muito acima da média. Contra a Irlanda, bateu o histórico recorde do Euro em passes efectuados (136) e de passes correctos (127). Conseguiu ultrapassar o recorde de Zidane como o jogador que mais passes fez na competição – 949, contra 843 do francês. E, na final com a Itália, deu as duas únicas assistências e tornou-se o primeiro jogador a servir um colega em duas finais de europeus de futebol.

Já Pirlo destacou-se pela regularidade na Squadra Azzurra. Os lances capitais da Itália foram executados por desmarcações dos camisola 21 da Juventus. O médio italiano foi o líder da prova em passes longos (54), com aproveitamento de 75%. Além disso, Pirlo criou 17 ocasiões de golo para os seus colegas, terminando o Euro 2012 com duas assistências.


No geral, existem algumas surpresas no topo das estatísticas. Embora seis espanhóis ocupem os dez primeiros lugares em média de passes por jogo, a liderança é do russo Denisov. Já Sneijder prova, com números, que não foi tão mal quanto os companheiros de equipa, liderando as médias de passes para finalização e cruzamentos correctos.

A Espanha teve dez jogadores seleccionados para a equipa ideal do Euro 2012, numa escolha feita por um comité técnico da Uefa. Casillas, Piqué, Sergio Ramos, Alba, Xavi, Iniesta, Busquets, Xabi Alonso, Fàbregas e David Silva aparecem entre os 23 nomes indicados pela Uefa. Destes, quatro já tinham sido eleitos para a equipe ideal no Euro 2008.

A vice-campeã da europa Itália e a Alemanha, com quatro jogadores indicados cada, aparecem logo atrás em número de menções. Portugal, com três, bem como Inglaterra e Suécia, completam a lista. Ibrahimovic foi o único jogador eliminado na primeira fase a ser indicado para os melhores do torneio.


Para o final, quero agradecer a todos os leitores que contribuiram para a sondagem do Aposta X sobre quem estava em melhores condições de vencer o Euro 2012. Obrigado e aqui ficam os resultados finais.

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